Do que se trata?
O comer intuitivo (CI) é uma alternativa promissora à dieta. Ele recebeu maior atenção na literatura especializada, nos últimos anos. CI é definida como comer com base em sinais fisiológicos de fome e saciedade, ao invés de considerar situações e sinais emocionais.
O CI incentiva a rejeição da mentalidade da dieta, cultivando uma relação positiva com os alimentos e o corpo. O CI refere-se a um comportamento com três características básicas:
Características básicas:
1- Confiar nos sinais internos de fome e saciedade para determinar quando começar e quando parar de comer;
2- Alimentação não restritiva (que permite ao indivíduo comer o que desejar sem evitar estritamente alimentos específicos) e
3- Comer por razões físicas e não por razões emocionais.
O objetivo da alimentação intuitiva é que o indivíduo aprecie o prazer de comer enquanto é capaz de reconhecer os sinais do corpo que indicam quando a saciedade foi alcançada.
Como funciona a perda de peso.
De acordo com o paradigma tradicional centrado no peso, a perda de peso deve ocorrer para se alcançar a saúde. Portanto, em um esforço para tratar a obesidade, os profissionais de saúde buscam a perda de peso como objetivo principal do tratamento por meio de dietas e intervenções de exercícios.
Em alguns casos, essas intervenções induzem a curto prazo perda de peso moderada (entre 5 e 10% do peso corporal), que por sua vez, podem resultar em melhorias de certos parâmetros de saúde, como pressão arterial, colesterol e glicose no sangue.
No entanto, um crescente corpo de evidências demonstra que, a longo prazo, a eficácia dessas intervenções é, pelo menos, questionável.
Durante as dietas 50% das pessoas tem 1 ou mais episódios de compulsão alimentar. A maioria dos pacientes (95-98%) recupera o peso ao longo de três a quatro anos, não sendo capazes de manter nem as mudanças comportamentais de estilo de vida, nem as melhorias na saúde.
Na verdade, vários estudos longitudinais revelam que conter a alimentação (ou seja, fazer dieta) pode aumentar o peso ganho. Aproximadamente 66% recuperaram além do peso perdido. Algo ainda mais preocupante ocorre com as pessoas que fazem sucessivas dietas. Há evidências de que tentativas repetidas de fazer dieta (ou seja, ‘dieta ioiô’), podem ser prejudiciais à saúde física e mental.
No entanto, fazer dieta e perder peso não estão restritas as pessoas que estão acima do peso. Muitas pessoas com peso corporal normal tentam perder peso. É particularmente preocupante a emergência de evidências das potenciais consequências negativas a saúde de dietas repetidas e do efeito sanfona (ciclagem de peso).
Cuidado com as dietas da moda
Pesquisas indicam este tipo de intervenção como um fator de risco significativo para os transtornos alimentares, a insatisfação corporal, a osteoporose, o efeito sanfona e para diversos problemas psicológicos como: a depressão, o estresse e a diminuição da autoestima.
Consequentemente, uma abordagem sem dieta conhecida como Comer Intuitivo (CI) foi desenvolvida ( Tribole e Resch, 2012) e tem atraído atenção cada vez maior.
A alimentação intuitiva é um movimento de disruptura neste cenário. Ela se destaca como um estilo adaptativo de alimentação, como uma alternativa à restrição dietética.
O comer intuitivo é definido como o padrão de comportamento alimentar baseado na capacidade interna do corpo de regular suas necessidades nutricionais.
Refere-se a uma forma adaptativa de alimentação baseada, essencialmente, na percepção da fome e na percepção da saciedade, para regular a ingestão de alimentos.
Confia-se nos sinais internos naturais de fome e saciedade para orientar os comportamentos alimentares e uma preocupação limitada com a comida.
A Sabedoria Corporal
Os princípios fundamentais da alimentação intuitiva são recuperar a “sabedoria corporal” para que a pessoa coma principalmente quando estiver com fome e pare de comer quando estiver saciado.
Não há restrição sobre os tipos de alimentos que se podem comer, a menos que seja ditado por problemas de saúde específicos (por exemplo: diabetes ou alergias alimentares), porque o corpo escolherá instintivamente uma variedade de alimentos que proporcionam equilíbrio nutricional.
Na filosofia intuitiva não existe alimento bom ou ruim. Os indivíduos que comem intuitivamente não estão preocupados com comida ou dietas e não rotulam os alimentos como mencionado acima em permitidos ou proibidos (certo ou errado).
Embora o sabor seja importante, os alimentos são escolhidos com a finalidade de melhorar o funcionamento do seu corpo. As pessoas estão cientes e confiam nos sinais internos de fome e saciedade, usando estas dicas para determinar o que, o quanto e quando comer.
Eles comem por estarem fisicamente famintos e não para lidar com problemas emocionais, como: ansiedade, solidão, tédio e tristeza. Na verdade, quanto maior a tendência das pessoas comerem por motivos físicos, ao invés dos motivos emocionais, menor será sua compulsão alimentar e sua preocupação com a comida.
Esse processo envolve o treinamento do paciente para se concentrar em responder às sensações físicas para determinar as necessidades do corpo. A alimentação intuitiva está associada com a melhora da autoestima e apreciação do corpo.
Além do mais, os efeitos da alimentação intuitiva alcançam a melhora os marcadores inflamatórios, dos níveis de colesterol, a pressão arterial, e diminui o IMC.
Foco na saúde
No programa de alimentação intuitiva, enfatizamos o impacto negativo das dietas, a bases biológicas no tamanho corporal, a alimentação de acordo com sinais internos, ao invés dos sinais externos, a aceitação do corpo em qualquer peso e a prática da atividade física.
A abordagem sem dieta excluiu especificamente o peso como alvo de intervenção e foca na aceitação do corpo, alimentação balanceada e a da atividade física prazerosa, ao mesmo tempo em que reduz ou elimina esforços para controlar o peso.
Há uma mudança no foco do peso para o bem-estar.